
Como estamos acostumados a ver em nossas aulas de história, o absolutismo consiste no poder concentrado nas mãos de uma única pessoa, que nessa condição manda e desmanda, como se onisciente e onipotente fosse, sem nenhum controle de qualquer outro poder. Galera, vamos concordar numa coisa: a gestão da nossa escola não está tão atrasada a ponto de se equiparar com a doutrina absolutista, mas que se aproxima disso não temos dúvida. Para atenuar essa nossa "sacação", digamos que este não é um problema somente do CEMEB: a falta de democracia nas escolas, que leva os gestores a criar suas regras unilateralmente, a nos julgar segundo o seu imaginário e, se a gente deixar, a nos punir segundo o que julgam ser uma exemplar penalidade. Mas, afinal, o que o grêmio estudantil pode fazer para ajudar a transformarmos essa realidade aqui no ELEFANTE?
Do ponto de vista formal, a educação brasileira está bem distante do absolutismo. A gestão democrática, sob essa premissa, é um direito claro. Ela está na nossa Constituição Federal, na LDB... Entretanto, na prática, não acontece nas escolas. Na nossa não é diferente. Ao contrário do que geralmente se pensa quando se fala numa gestão democrática, ela não se resume na eleição do diretor. Esse é um grande engano. Eleição é importante, mas não passa de um processo democrático – quando o processo realmente é democrático – de escolha de diretores, o que pode criar condições favoráveis à gestão democrática. A gestão democrática propriamente dita começa (ou começaria) depois de eleito e empossado o diretor, ou seja, durante a gestão. Mas, então como é que pode acontecer realmente a gestão democrática? Simples, com o funcionamento de um órgão que anda morto nas escolas: o conselho escolar. É aí que o grêmio pode encampar uma boa luta para ajudar a transformarmos a realidade em que vivemos.
O conselho escolar é formado pelos vários segmentos que compõem a comunidade escolar. Nós estudantes, nossos pais, os professores e os profissionais da área técnico-administrativa da educação somos segmentos da comunidade que têm assento nesse conselho. E o órgão, pelo menos no papel, é poderoso. É definido na legislação como o órgão de deliberação máxima dentro escola, isto é, é o órgão com o maior poder de decisão dentro de uma escola pública. Tem o poder de convocar assembléias gerais escolares. Já pensou?... Se fossemos capazes de chegar a esse ponto aqui? E nós não estamos nos atentando para isso. Por exemplo, quantas decisões foram tomadas recentemente sem que essas decisões tenham refletido a verdadeira vontade dos estudantes e da comunidade escolar como um todo? A escola pública precisa, urgentemente, sair do absolutismo gerencial. Nossa escola se inclui aí. É preciso fazer algo para tirarmos o ELEFANTE BRANCO dessa prática pedagógica tradicionalista, fechada, inibidora da participação da comunidade. Precisamos ter a oportunidade de instalar debates sobre a qualidade da prática didático-pedagógica que vivemos aqui e sobre o funcionamento do conselho escolar, da APM, da coordenação pedagógica e da orientação educacional. Precisamos sair da inércia em que vivemos para um contexto menos enfadonho e mais pulsante. O grêmio, que representa todos os estudantes elefantistas, pode contribuir muito nisso, fortalecendo-se e ajudando a dar vida ao conselho escolar. Não há dúvida: nossa escola é gerenciada segundo métodos, guardadas as devidas proporções, ainda “arcaicos” e absolutistas. Mas também é verdade que, se quisermos, podemos transformar tudo isso rapidamente. A pedagogia contemporânea pode e deve se desvincular dos métodos absolutistas que, de tão retrógrados, fizeram sucesso num tempo em que somente Deus podia questionar o poder de um monarca. Isso já está muito distante do nosso tempo, não acha? Vamos lançar esse debate no grêmio.