domingo, 25 de abril de 2010

A Pedagogia do absolutismo

Em se tratando de gestão escolar, nossa escola está bem distante no tempo














Como estamos acostumados a ver em nossas aulas de história, o absolutismo consiste no poder concentrado nas mãos de uma única pessoa, que nessa condição manda e desmanda, como se onisciente e onipotente fosse, sem nenhum controle de qualquer outro poder. Galera, vamos concordar numa coisa: a gestão da nossa escola não está tão atrasada a ponto de se equiparar com a doutrina absolutista, mas que se aproxima disso não temos dúvida. Para atenuar essa nossa "sacação", digamos que este não é um problema somente do CEMEB: a falta de democracia nas escolas, que leva os gestores a criar suas regras unilateralmente, a nos julgar segundo o seu imaginário e, se a gente deixar, a nos punir segundo o que julgam ser uma exemplar penalidade. Mas, afinal, o que o grêmio estudantil pode fazer para ajudar a transformarmos essa realidade aqui no ELEFANTE?
Do ponto de vista formal, a educação brasileira está bem distante do absolutismo. A gestão democrática, sob essa premissa, é um direito claro. Ela está na nossa Constituição Federal, na LDB... Entretanto, na prática, não acontece nas escolas. Na nossa não é diferente. Ao contrário do que geralmente se pensa quando se fala numa gestão democrática, ela não se resume na eleição do diretor. Esse é um grande engano. Eleição é importante, mas não passa de um processo democrático – quando o processo realmente é democrático – de escolha de diretores, o que pode criar condições favoráveis à gestão democrática. A gestão democrática propriamente dita começa (ou começaria) depois de eleito e empossado o diretor, ou seja, durante a gestão. Mas, então como é que pode acontecer realmente a gestão democrática? Simples, com o funcionamento de um órgão que anda morto nas escolas: o conselho escolar. É aí que o grêmio pode encampar uma boa luta para ajudar a transformarmos a realidade em que vivemos.
O conselho escolar é formado pelos vários segmentos que compõem a comunidade escolar. Nós estudantes, nossos pais, os professores e os profissionais da área técnico-administrativa da educação somos segmentos da comunidade que têm assento nesse conselho. E o órgão, pelo menos no papel, é poderoso. É definido na legislação como o órgão de deliberação máxima dentro escola, isto é, é o órgão com o maior poder de decisão dentro de uma escola pública. Tem o poder de convocar assembléias gerais escolares. Já pensou?... Se fossemos capazes de chegar a esse ponto aqui? E nós não estamos nos atentando para isso. Por exemplo, quantas decisões foram tomadas recentemente sem que essas decisões tenham refletido a verdadeira vontade dos estudantes e da comunidade escolar como um todo? A escola pública precisa, urgentemente, sair do absolutismo gerencial. Nossa escola se inclui aí. É preciso fazer algo para tirarmos o ELEFANTE BRANCO dessa prática pedagógica tradicionalista, fechada, inibidora da participação da comunidade. Precisamos ter a oportunidade de instalar debates sobre a qualidade da prática didático-pedagógica que vivemos aqui e sobre o funcionamento do conselho escolar, da APM, da coordenação pedagógica e da orientação educacional. Precisamos sair da inércia em que vivemos para um contexto menos enfadonho e mais pulsante. O grêmio, que representa todos os estudantes elefantistas, pode contribuir muito nisso, fortalecendo-se e ajudando a dar vida ao conselho escolar. Não há dúvida: nossa escola é gerenciada segundo métodos, guardadas as devidas proporções, ainda “arcaicos” e absolutistas. Mas também é verdade que, se quisermos, podemos transformar tudo isso rapidamente. A pedagogia contemporânea pode e deve se desvincular dos métodos absolutistas que, de tão retrógrados, fizeram sucesso num tempo em que somente Deus podia questionar o poder de um monarca. Isso já está muito distante do nosso tempo, não acha? Vamos lançar esse debate no grêmio.

8 comentários:

  1. Ótimo texto! E concordo com você, Patrícia! E isso não é algo que se limita à escola. Essa reflexão abrange muito bem todas as gestões as quais estamos submissos. O irônico é que, teoricamente, eles é que trabalham em prol do nosso progresso.

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  2. É realmente decepcionante ter consciência dessa grande contradição: os estudantes que deviam
    ser o ponto central da aprendizagem não têm sido vistos, na prática, dessa forma.
    O que se nota, na verdade, é um grande empenho das escolas públicas e, ainda mais das particulares,
    de criarem uma grande massa detentora de qualificação profissional, do ponto de vista inteiramente mercadológico, e quase totalmente desprorvida de consiência cidadã e política.
    Deixar de se preocupar com isso é o mesmo que não se preocupar com o futuro, com os novos rumos que
    a nossa sociedade irá tomar. E isso, de fato, é algo extremamente negativo.

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  3. bom texto Patricia principamente quando você compara a escola com o absolutismo a época que se alguem questionasse o rei acabava sendo severamente punido como se houvesse um rei sem o apoio do povo. é uma boa parte da população realmente acha que em escola a direitoria é quem manda, sem saber que a direção trabalha em pro de toda a comunidade escolar a mesma coisa acontece com outras repartições e diretorias do governo em sí por isso e quase um "dever" orientar os alunos para que isso não ocorra porque muito ruim ver um população inteira queixando, com o poder de mudar as coisas mas não o fais porque não tem essa noção

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  4. Bem bacana essa questão da 'democracia' que não existe dentro das escolas,é sempre bom frizar essas quaestões,mostrar que alguém ainda se importa,todo mundo anda meio indiferente em relação à tudo, que dirá da escola.
    PATRICIA : Meu orgulho *-*' você é tipo assim a luz no fim do túnel para essa apatia geral.

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  5. Boa tarde Patricia , gostei da sua coluna, alias ela retrata de forma resumida a questão na qual o ensino público vem vivendo ..Em relação ao gremio qual a sua visao sobre gremio e sua estrutura?

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  6. Hayssa, acho que o grêmio estudantil tem um papel que transcende o fato de existir um grupo de alunos líderes que representam os estudantes de determinada escola. Acho que o grêmio também, além de tudo, é responsável por promover a formação social/cidadã dos alunos, realizando debates e os inserindo, de forma efetiva, nos processos decisórios e, conseqüentemente, criando um sentimento de pertinência ao contexto escolar. Quanto à estrutura do grêmio, acho que o grêmio pode ser tanto colegiado como hierarquizado, desde que os seus representantes sejam articulados, organizados e desempenhem funções de acordo com suas habilidades e a disponibilidade de cada um, nunca esquecendo a verdadeira função que um órgão representativo deve exercer.

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