quarta-feira, 27 de abril de 2011

Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas.

Passando pelos corredores da escola, imaginamos como ela já foi algum dia. Ouvindo relatos de quem já passou por aqui, a impressão que dá é a de que essa já foi uma outra escola. Tinha 5.000 estudantes, ensino técnico, matérias optativas e laboratórios que eram sempre utilizados. Os estudantes podiam aprender eletrônica, estudar sociologia, cálculo ou fazer poesia. Aqui ainda não tinham grandes.
Fica uma dúvida na cabeça da gente sobre o porquê do Elefante ter sido tão deteriorado. Será que foi o aumento de matrículas ? Será que o Estado não teve verbas para manter um projeto tão avançado de ensino? Na nossa opinião, o que mudou foi o olhar que os responsáveis pelo ensino público adotaram ultimamente.
Nos últimos tempos, o sistema educacional brasiliense não estava cumprindo a função social que deveria cumprir. Sem estimular a democracia e sendo ineficiente quando o assunto é a formação cidadã da nossa população. A educação, assim como outros setores, encontra-se quase que totalmente privatizada, prestando serviço à uma lógica mercadológica que, certamente, não está a favor da construção de ensino capaz de colocar o Distrito Federal em outro nível de desenvolvimento, que distribua renda e conte com forte participação popular.
Nos inspiramos na história dos que por aqui passaram e lutaram por democracia, por entender que ela é estruturante quando falamos de transformação social. Grandes nomes do movimento estudantil, como Honestino Guimarães, começou sua militância no Elefante Branco, lutando por um novo modelo de sociedade que se antagoniza com a lógica que regeu a condução do nosso país e foi a grande responsável pela construção de uma sociedade com gigantescas fraturas sociais.
Não sejamos tão pessimistas, é claro. A intenção aqui não é dizer que tudo está errado e acabado. Muito pelo contrário... é apontar as falhas na tentativa de desvelar o caminho certo e, o caminho certo, na nossa concepção, de estudantes militantes e que participam da vida escolar, seja no grêmio ou qualquer outro espaço, é a de que, só investindo na educação pública e democratizando-a, construiremos uma outra realidade.
O Elefante que queremos não é utópico, se não extremamente possível. Não está muito longe do nosso sonho de escola brasileira e de outra realidade. O Elefante que a gente quer tem liberdade, aquela liberdade de pensar além … O Elefante que a gente quer não é limitador, mas sim libertário. Ele dá espaço para a criatividade e para o fortalecimento de valores mais humanos. Ele não só forma o indivíduo para o mercado, mas vai mais além disso: nos prepara para a vida, para a vivência social. Ele tem uma estrutura que possibilite a realização de diversas atividades e aproveita o potencial didático dos docentes que por aqui passam e, talvez, se sintam tão limitados como nós. É uma escola bem estruturada no sentido de entender que o povo tem o direito de ter acesso aos bens que por ele é produzido.
Queremos uma escola que não leve em consideração este preconceito arcaico de que juventude é mera fase de transição, mas que nos entenda como sujeitos. Só assim não enfrentaremos tanta dificuldade na hora de exercer aquilo que já nos é nato: o caráter de agente transformador que o jovem sempre teve.
É certo que ainda enfrentamos muitas dificuldades. Na luta contra a lógica privatista, mercadológica e tecnicista que há algum tempo é hegemônica no Distrito Federal, nos fortalecemos enquanto juventude protagonista. E é de forma responsável, tendo bem claro o nosso ideal, articulando-o com a nossa realidade, que atuamos diariamente para transformá-la.
Portanto, nosso desejo é viver numa escola bem diferente. Em uma escola democrática e libertária. Mas, para tanto, acreditamos veementemente que uma escola assim só se constrói a partir das bases sociais, ou seja, com a participação cada vez maior da comunidade escolar. É se libertando que a gente constrói a liberdade. É com democracia que a gente constrói um mundo diferente.


domingo, 24 de abril de 2011

Seja a mudança que você deseja ver no mundo.







Através deste texto, venho externar, ainda que sutilmente, um pouco da história da reconstrução do grêmio estudantil do Centro de Ensino Médio Elefante Branco - CEMEB, palco de resistência à ditadura militar.

Qualquer estudante que ama a história daqueles que combateram a ditadura e acredita na força da democracia, antes de estudar no Elefante, conhece bem a força combativa da nossa escola através do movimento estudantil. Quando vim estudar aqui, sonhava estudar numa escola que nos desse espaço para desenvolver nossa criatividade e nosso senso crítico, algo que sempre busquei fortalecer durante algum tempo da minha vida.

Porém, quando cheguei no CEMEB, percebi que a realidade não era bem assim. Laboratórios, que antes funcionavam a todo vapor, com professores qualificados e bem remunerados, estavam fechados, fazendo companhia ao piso desgastado e à falta de material para o trabalho didático dos professores. Estava bem clara a deterioração da estrutura da escola. Mas a coisa não parava por aí. Faltava uma coisa muito importante também: democracia. Os estudantes não participavam da vida escolar, não tinham sua opinião respeitada e, como consequência, se sentiam alheios. É como em uma aula que a gente só escuta o que o professor fala e não participa: a aula se torna desinteressante, massiva, e parece que a gente está lá forçado, não é mesmo? Bem, numa escola sem democracia, como se encontrava o Elefante, até então, não era diferente. Os estudantes se viam desinteressados, queriam ficar em casa e achavam chato tudo o que tinha na escola. A partir de então, passamos a questionar essa realidade e, através de conversas nos corredores da escola com colegas, percebemos que muitos viam a necessidade de que os estudantes participassem mais das decisões.
Para transformar qualquer realidade, é necessária a organização daqueles que a querem transformar. Sabíamos que escola não estava naquele estado porque o governo não tinha recursos, ou porque simplesmente os alunos não queriam estudar. Percebemos que, para além do problema da pouca preocupação com o investimento na educação pública, havia também pouca preocupação dos gestores no fomento da democracia dentro da escola. Conheci, pouco a pouco, aqueles que pensavam como eu e tivemos a ideia de formar um grêmio estudantil, no sentido de organizar os estudantes em torno da luta por mudanças. Não vou dizer que a priori foi fácil. Muito pelo contrário. Estava claro que a ditadura ainda tinha deixado algumas heranças e que nós teríamos que enfrentá-las. A primeira dificuldade veio quando tentamos fazer a eleição do grêmio. A direção que estava no “comando” da escola, naquela época, não queria de forma alguma que os estudantes se organizassem, achando que faríamos da escola um caos. Nós dissemos não a este preconceito e fomos à luta para organizar o tão desejado grêmio estudantil e, mesmo com algumas dificuldades, conseguimos eleger a nossa chapa, que era única.
Logo, a escola foi tomada por uma efervescência há muito tempo não vista. Entrávamos na sala de aula falando da necessidade da participação dos estudantes e incentivando-os a participarem de passeatas e manifestações que reivindicavam mais investimentos em educação. Falávamos de Honestino Guimarães, ex-líder estudantil morto durante a ditadura militar e que estudou na nossa escola. Falávamos, veementemente, da necessidade da democracia, como meio de construir um mundo diferente.
Algumas vezes ficávamos desanimados, em meio às perseguições de alguns professores e da direção. Porém, mesmo assim, sabendo da história de luta daqueles que por alí já tinham passado, insistimos em continuar. E fomos tocando o barco... vinha uma tempestade aqui, uma calmaria alí, e, no fim da gestão, percebemos que fomos os protagonistas de uma grande transformação. Os estudantes agora já não se sentiam tão desanimados, e muitos já estavam convencidos da necessidade da organização dos estudantes.

Conseguimos conquistar muita coisa. Além de termos transformado aquela rotina pedante, agora a galera tem vontade de ir para escola, porque se sente parte dela e tem uma enorme energia para fazer, como nós chamávamos, a “ressuscitação do movimento estudantil no Elefante”. Conquistamos o passe livre estudantil e participamos de grandes passeatas que exigiam o investimento de 50% do fundo social na educação. As conquistas animaram ainda mais o pessoal, que agora vê que nossos sonhos podiam, de fato, se tornar realidade.

Veio outra eleição de grêmio e, para nossa surpresa, três chapas foram escritas, com diversas propostas e com a certeza de que os estudantes tinham tomado a rédia da nossa história. O processo eleitoral foi caloroso e todo mundo se animou para confeccionar faixas, cartazes, bandeiras e conversar com os estudantes sobres as propostas. Nossa chapa foi eleita com 89% dos votos válidos e passamos a implantar um avançado projeto para fortalecer o movimento estudantil no CEMEB.

Hoje nosso grêmio é considerado um dos grêmios de maior relevância política do Brasil. Tive a oportunidade de ser eleita, num processo eleitoral nacional em 2010, parlamentar juvenil, integrando o Parlamento Juvenil do Mercosul – PJM, representando o segmento estudantil do nosso país pelo Distrito Federal. Fomos para o Rio de Janeiro, passando pela África do Sul e por Montevidéu. Participamos de vários eventos no Brasil, de congressos e ajudamos a realizar grandes jornadas de luta para exigir que a educação assuma o seu devido papel: o de colocar o povo brasileiro à frente das mudanças do nosso país, de ser estruturante quando falamos de um mundo igual, com distribuição de renda e participação popular. Mas, talvez, o que tenha nos marcado mais seja a materialização de um projeto que nos deu a certeza que o mundo ainda está muito longe de ser justo e de que um novo mundo é possível.

Faça parte dessa luta também ! Organize seu grêmio estudantil e seja mais um protagonista dessa história !


"Correndo o risco de parecer ridículo, deixem-me dizer-lhes que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor." (Che Guevara)
Patrícia de Matos - Presidente do Grêmio

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Gestão Democrática no CEMEB realmente pode ocorrer!?


   No dia  6 de Abril de 2011 ocorreu uma reunião do CEMEB com duas finalidades:para discutir sobre Gestão Democrática na Escola e depois sobre o Caso de Remoção do professor Klinger Ericeira.Nessa reunião estavam presentes grande parte dos professores do turno matutino,coordenadores,diretora,vice-diretor,assessor da diretora da DRE,alunos ,ex alunos integrantes do grêmio e ex integrantes  que apoiam  a volta do professor Ericeira.
   No começo da reunião os ânimos estavam calmos,pois os assuntos não tinham sido discutidos profundamente,mas logo depois disso ter ocorrido os presentes perceberam o quanto foi difícil discutir e debater sobre o assunto da volta do professor Ericeira,não houve respeito na hora  da fala de cada um,mas o pior de tudo isso foi ver que de 2009 para 2011 não mudou nada,os alunos,coordenadores e professores que são contra e batem de frente com o que acontece de errado e com as negligências feitas por parte da Gestão do Elefante Branco são perseguidos e tratados de modo rude e discriminante. Os alunos se sentiram constrangidos e humilhados por certos professores em meio a discussão,os mesmos dizendo que nós não temos consciência para lidar ou debater certos assuntos,o que sempre o ocorre quando os mesmo lutam contra as injustiças  dentro da escola. A respeito do Professor Ericeira, a maioria dos professores coordenadores alunos e ex-alunos,ovacionaram o mesmo,lembrando  e citando às várias lutas que o professor enfrentou em prol da educação de qualidade do elefante branco,ensinando sobre a importância da organização estudantil para defender os direitos dos alunos,defendendo o  grêmio de todas as formas.   É importante dizer que também não estamos querendo colocar a “Cabeça do Professor Substituto a prêmio" como o mesmo disse,sabemos que se o professor Ericeira voltar ele terá que ser remanejado,mas o intuito principal é lutar contra a remoção injusta que aconteceu com o professor no Elefante Branco.Pode-se notar também a emoção e revolta por partes de ambos integrantes da Comunidade Escolar,que se dedicam realmente à vários anos,algumas à mais de uma Década para melhorar e acrescentar algo bom para o Elefante Branco,percebendo o descaso  com a escola e a decadência do nosso Ensino. 
  Após o termino da reunião,os alunos puderam perceber o que acontece sempre no Elefante Branco,negligência por parte da direção na resolução dos problemas da escola a mesma e também a falta de importância da direção em tornar o sistema de educação em algo transparente com uma Gestão democrática de fato.Os alunos,coordenadores,professores do Elefante Branco esperam que o assessor André da diretora da DRE,possa comunicar a situação lastimável da educação dentro do Elefante Branco para  a Regional de Ensino,e que a Justiça seja feita à favor do professor Ericeira,e que os próximos anos e gestões sejam diferentes naquela escola,e que os alunos sejam tratados de forma igual à todos os pertencentes  da comunidade escolar,e que o Elefante Branco tenha outros 50 anos de Luta organização e mobilização estudantil sempre visando a melhoria da educação de nossa escola.