sexta-feira, 31 de julho de 2009

Dos contos infantis para a vida real


O lobo mal sempre foi um personagem esteriotipado com uma astúcia e esperteza que lhe caia bem em algumas situações. Ele se mostrava bom e amigo, quando planejava na verdade abocanhar a caça na primeira oportunidade que tivesse. No último dia 20/07, o partido Democratas entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para suspender a matrícula dos aprovados no vestibular da Universidade de Brasília, que destina 20% das vagas para as cotas raciais. O partido afirma que a UnB “ressuscitou os ideais nazistas” e que as cotas “agravam o problema da desigualdade”.

Na ação, o DEM sustenta que as cotas não são uma solução para as desigualdades no país: “Cotas para negros não resolvem o problema. E ainda podem ter o condão de agravar o problema, na medida em que promovem a ofensa arbitrária ao princípio da igualdade.” O partido vai mais longe, a ponto de associar a política da UnB a Adolf Hitler. “O edital simplesmente ressuscitou ideais nazistas, hitlerianas, de que é possível decidir, objetivamente, à que raça a pessoa pertence. Dizer que isso não é praticar racismo é, no mínimo, uma ofensa à inteligência humana.” (E ainda nos chama de burros?)

De acordo com a Ação, a política de que “todo modelo de Estado social tem por pressuposto a integração de todas as minorias por meio de ações afirmativas” não poderia se resumir aos negros. Para isso, o DEM diz que deveriam ser implementadas políticas para os “carecas, baixos e obesos” – para então completar que essa lógica é uma “ofensa à razoabilidade”. Por isso, o partido sugere que a única maneira de implementar cotas raciais é por meio da análise do DNA, a fim de se identificar quem é 100% branco (Nota: Que tal analisar as contas bancárias para identificar quem é 100% honesto nesse partido?).

Para o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Júnior, a ação do DEM é descabida. “É muito pouco provável que possa prosperar uma ação contra uma medida que tem amparo constitucional. Em última análise, as políticas de cotas são ligadas aos valores que foram construídos na pauta dos direitos humanos. Uma medida como essa (do DEM), pelo contrário, é que transmite os ideais nazistas de segregação. Lutar contra isso (as cotas) é o ir contra o principio de igualdade das pessoas e isso é segregação”, disse o reitor da UnB.

É tão absurdo que penso ler um conto, uma mentira, algo fora da minha compreensão. Como um partido desses se diz democrático? Depois o lobo mal vai à TV afirmar que é "democrático" pressupondo um olhar para o povo, afinal em primeiro vem o "demo" (povo), depois vem o governo. Se eles não são capazes de entender essa simples analogia, quanto mais governar, de fato, para o povo. É óbvio que o lobo está jogando suas cartas às escondidas, só espero que o final seja semelhante aos velhos contos infantis também...

Fonte informativa: Conjur

terça-feira, 28 de julho de 2009

Além do Elefante

Dizem que os estudantes foram uma peça fundamental na luta contra a ditadura militar, contra o Collor de Mello, contra a privatização de algumas de nossas empresas públicas e... O que mais? Será que o movimento estudantil se restringe somente a fatos tão profundos quanto a nossa própria história?

Dos dia 15 a 19 de julho do presente ano, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e demais agremiações provaram que não. Ao menos em tese, a pauta do 51° Congresso da UNE foi bem ampla e pragmática: Assistência estudantil como o ProUni e o FIES, o uso dos recursos do Pré-Sal, reforma universitária, Passe-livre, meio-ambiente, cultura, movimentos sociais, entre outros. Assim também, pela primeira vez contaram com a participação de um presidente da república, o então Luís Inácio Lula da Silva. Pomposidade à parte, isso demonstra que ou estamos cada vez mais próximos da tão falada democracia, ou eles têm um excelente assessor político.

O que dá alegria mesmo de contar é que em quase 8 anos de ProUni, cada vez mais pobres, pretos, pardos, estudantes de escolas públicas podem sonhar com o diploma do curso superior, e mesmo não sendo gritando nas ruas ou levantando bandeiras de protesto, eles podem sim, construir um país melhor. Nas universidades, nos DCE's, nas uniões da vida, quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Compro dois metro de pano
Vou mandá fazê um picuá
Pra levá medicamento
Que eu vou no mato tirá:
Picão gentil e mentraste
Quina coalha e sassusiá
Alecrim rosa e arruda
Camomila e pacová.

Sucupira e cura-tombo
Casca de jacarandá
Chá-mineiro e japecanga
Namoscada e carapiá
Fedegoso e quebra-pedra
Xarope de Cambará
Casca de canela-preta
E pó de vidro cristá

Quando estivé alguém doente
Que viere me buscá
Eu monto no meu cavalo
Num instante eu estou lá
Se fô moça sortera
dou remédio pra sará
Se fô muié casada
Dô remédio pra inganá.


(Chico Fabiano, violeiro do Vale do Paraíba, morreu atropelado na estrada Jacaréi/Sata Branca nos anos 1970, octogenário)

Mudança climática

Em todo o Sudeste brasileiro e região da Bacio do Prata, onde há grande parte dos remanescentes de Mata Atlântica (e também o Pantanal), as elevadas temperaturas do ar provocadas pelo aquecimento global simuladas pelos cenários previstos para a região poderiam, de alguma forma, comprometer a disponibilidade de água para a agricultura, consumo ou geração de energia, devido a um acréscimo previsto na evaporação.

A extensão de uma estação seca em algumas regiões do Brasil poderia afetar o balanço hidrológico regional e, assim , comprometer atividades humanas, ainda que aja alguma previsão de aumento de chuvas para essa região no futuro. Essas informações estão em estudo do Ministério do Meio Ambiente sobre os efeitos da mudança climática na biodiversidade brasileira.

Outro estudo, realizado pela Embrapa Informática Agropecuária, em conjunto com a Unicamp, em 2005, concluiu que a produção agrícola brasileira poderá sofrer grande impacto com as mudanças de temperatura e regime hídrico. Nos cenários estudados, o cultivo de café arábica em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, poderá ser reduziso drasticamente nos próximos cem anos. Em São Paulo, se o aumento da temperatura médio for até 5°C, as áreas de cultivo de café deverão diminuir em mais de 70%, porque o aumento da temperatura reduz a produção de folhas e atividade fotossintética dos cafeeiros.

SAIBA MAIS: Marengo, José A., Mudanças Climáticas Globais e seus efeitos sobre a biodiversidade. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

De Profundis

Oh, a tarde, que vai às sombrias aldeias da infância.
O lago sob os salgueiros
Enche-se de suspiros empestados de melancolia.

Oh, a floresta, que baixa discreta os olhos castanhos,
Quando das mãos magras do solitário
Cai a púrpura de seus dias extasiados.
Oh, a proximidade da morte. Oremos.

Nesta noite em travesseiros momos
E amarelados de incenso soltam-se os membros frágeis dos
amantes.

Georg Trakl

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O capitalismo contemporâneo e suas crises - um decálogo

A financeirização capitalista promove furiosa valorização e desvalorização de capital e trabalho; especulação e desemprego são suas aberrações ontológicas
por A. Sérgio Barroso

1. Os impasses e as perspectivas do capitalismo contemporâneo têm como epicentro a emergência da crise dos anos 70 do século recém-findo. Evoluíram como expressões concretas da globalização neoliberal – regressão profunda frente ao atípico período dos “anos dourados” –, cuja engrenagem absolutiza tendencialmente a dominância financeira. Entrementes, a “financeirização” da riqueza capitalista é uma categoria lógico-histórica concreta. Diz respeito às condições específicas de configuração da dinâmica sistêmica recente do capital; e da apreensão da materialidade dialética desse novo. Trata-se de um padrão de fabricação de riqueza afiançado pela plutocracia dos Estados do capitalismo central, que se generaliza. Onde se entroniza a ilusão de um regresso à utopia do capitalismo liberal, na era da ditadura do “supermonopólio” das finanças, que se move a perseguir fusões e aquisições para centralizar massas gigantescas de capital. Fenômenos amplificados com a desestruturação geopolítica (e ideológica) da configuração sistêmica mundial bipolar, a partir de 1989-91 – o colapso dos países socialistas do Leste europeu e da URSS (o “socialismo real”). (BARROSO, 2003).

2. Resguardado o brilho fundacional e prospectivo de O imperialismo, fase superior do capitalismo (1916), seria reducionismo teórico enquadrar a “financeirização” (conceitualmente) mimetizando observações insuperáveis de Lênin (ou as de J. Hobson, e de R. Hilferding) sobre o capital financeiro e a formação da “oligarquia financeira”. Hoje há um padrão determinado de gestão institucional da riqueza financeirizada, bem distinto da dinâmica do imperialismo do início do século XX. Agora, a canalização do enorme paroxismo do capital financeiro forja e reproduz constantemente novos circuitos da valorização do valor, originariamente produzidos no “chão da fábrica”. Do ponto de vista categorial, entretanto, não nos convence asseverar estarmos diante de uma “configuração particular do imperialismo” como argumenta CHESNAIS (1998), porque daí se deduz que, sendo irredutível, a “globalização financeira” seria irreversível. E, não obstante a clássica análise de Marx acerca do capital financeiro como portador de juros e a valorização via D-D’, em sua gênese, os novos fenômenos advindos com a “financeirização” obedeceram a um “programa” imposto pela conduta imperial norte-americana, compreendendo o fim do padrão ouro-dólar (1971), a flutuação das taxas de câmbio (1973) e a elevação dramática das taxas de juros pelos EUA (1979 e 1981). Nesse sentido há sim políticas correspondentes a uma doutrina baseada na ideologia do liberalismo: nuclearmente a liberalização e a desregulamentação financeiras.

3. Esse padrão sistêmico de riqueza expande-se a partir dos EUA (FARHI e CINTRA, 2003), sendo dele constitutivos: a) a mudança de natureza do sistema monetário-financeiro com declínio da moeda e dos depósitos bancários enquanto bases de financiamento, e sua substituição por ativos que geram juros; b) a securitização (modalidade financeira flexível de negociação de títulos), interconectando os mercados creditício e de capitais; c) a tendência de formação dos conglomerados de serviços financeiros; d) a intensificação e a amplificação da concorrência financeira; e) a ampliação das funções financeiras nas corporações produtivas; f) mais transnacionalização de bancos e empresas; g) a variabilidade interdependente das taxas de juros; h) o déficit público financeiro tornado endógeno; i) o Banco Central orientado para o mercado; j) a permanência do dólar como moeda estratégica mundial (BRAGA, 1997; 2000). Os mercados financeiros passaram a ter como protagonistas relevantes os grandes bancos, os fundos mútuos, os fundos de pensão e a tesouraria de empresas, ampliando sua riqueza financeira em seu portfólio (carteira de títulos).

Atenção: Este é apenas um fragmento do texto. Para ler o documento inteiro, acesse:
http://www.vermelho.org.br/museu/principios/anteriores.asp?edicao=79&cod_not=596